Indústria cultural




A indústria cultural
A perda gradativa do livre arbítrio, a manipulação e alienação da massa. O começo a contagem regressiva, iniciada no final da segunda guerra. com o intuito de crescer em poder as duas potencias se valeram do que iniciou-se no sistema nazi-fascista, e com o fim da guerra fria, tomado pelo sistema capitalista, que passa a imperar sem oposição a nova ordem mundial ou globalização.  



Foi dentro dessa perspectiva que surgiu, pela primeira vez, nos escritos de Horkheimer e Adorno, a partir do texto “A indústria cultural: o esclarecimento como mistificação das massas”, a expressão indústria cultural para explicar que o valor contestatório das obras de arte não seria mais possível, justamente por estas terem sido colonizadas pela lógica capitalista. Isso porque impediria a manifestação intelectual dos seus espectadores.
Por indústria cultural, os autores entendiam toda rede midiática que, utilizando técnicas aperfeiçoadas, criavam produtos culturais (música, cinema, rádio, televisão, entre outros) para o consumo de massa. Nesse sentido, todos esses produtos seriam itens de uma cultura popular de massa veiculada para o consumo rápido e sem necessidade de reflexão.


 A programação programa o telespectador? 


                                         Em suas análises da sociedade capitalista, sobretudo nas observações feitas da sociedade estadunidense, verificaram, por exemplo, que o cinema, ao massificar o conhecimento, não trazia nenhum benefício; antes, disseminava um conteúdo geral sem levar em consideração as individualidades dos indivíduos.
Nessa mesma trilha, para Adorno, a música transformada em mercadoria retirava dela o que tinha de concreto e colocava, em seu lugar, somente elementos que só serviriam à alienação das pessoas, pois não teriam outro papel senão visar ao lucro e nada mais. Nas palavras dos autores, “por enquanto, a técnica da indústria cultural levou apenas à padronização e à produção em série, sacrificando o que fazia a diferença entre a lógica da obra e a do sistema social” (ADORNO e HORKHEIMER, [1969] 2006, p. 100).
Essa lógica notada no cinema e na música capitalista aplica-se igualmente a todos os meios de comunicação de massa que agem de maneira totalmente arbitrária e alheia às vontades individuais. Isso porque não dão espaço para réplica de seu conteúdo, transmitido como uma via de mão única, transformando todos em espectadores passivos. Mesmo havendo a participação do público, esta é mediada e controlada pelos dispositivos gerenciais da indústria cultural.  


Essa participação já faz parte da estrutura desse sistema, remetendo-o a ela a todo momento. Dentro desse raciocínio, até mesmo os talentos ainda não descobertos já pertenceriam à indústria cultural, que os coopta sem que eles se deem conta disso, pois tudo está previsto, mas transmitido como novidade. Um músico não faz a música que gosta, mas a música que a indústria cultural lhe permite fazer. A sua liberdade é apenas um reflexo, uma imagem apagada do que realmente é. Nessas condições, não há liberdade, mas arbitrariedade, imposta pelos melhores implementos técnicos de gerenciamento.
Assim, técnicas que dão certo em um setor logo são transformadas em fórmulas que são utilizadas e passadas adiante, sendo utilizadas em todo o campo da produção cultural de massas, dando sempre um tom de aparência e semelhança despretensiosas a tudo. Por exemplo, quando assiste a telenovelas, o expectador já tem uma prévia do que irá acontecer e a confirmação disso, durante o enredo, gera, no expectador, a ilusão de satisfação. O mesmo ocorre no campo musical e no cinema, sempre com a desculpa de que aquilo que fazem é o que o público mais deseja (ADORNO e HORKHEIMER, 2006, pagina. 105).
Como exemplo disso, os autores apontam para as jams sessions, elaboradas pelos músicos de jazz. Aparentemente, aos olhos leigos, poderiam ser vistas como um encontro de músicos virtuosos, mas, na visão de Adorno e Horkheimer, existe apenas a repetição de técnicas e fórmulas tarimbadas e aceitas por meio do apego frívolo aos detalhes, formando tanto músicos quanto um público especializado nessas minúcias. Um quadro em que a dominação ocorre sem que se note ou se esboce nenhuma rebelião, apenas atitudes complacentes.
Com isso em mente, podemos verificar que, para os autores, a indústria cultural não possibilita nenhuma saída possível para que os indivíduos possam se tornar autônomos. Ela domina todo o processo de elaboração cultural, pois permeia toda a vida na moderna sociedade de massas. Do despertar ao repouso noturno, ela nos acompanha. Seja na música e na programação que ouvimos no rádio antes e durante o caminho do trabalho, seja durante a pausa no trabalho, a indústria cultural, de acordo com os autores de Dialética do Esclarecimento, faz com que os seus produtos sejam consumidos até pelos mais desatentos e alheios a ela.


Eros e Civilização e O Homem Unidimensional
Partindo de outro ponto de vista, mas de maneira igualmente crítica, Herbert Marcuse traz à baila outras concepções acerca da sociedade moderna capitalista. Essas concepções, além de terem bases na psicanálise e no marxismo, trazem uma abordagem original.
Podemos perceber esse direcionamento nas obras Eros e Civilização e O Homem Unidimensional. Nelas o autor tece duras críticas à sociedade capitalista e também ao socialismo soviético, tratando-as como repressoras tanto em relação à sexualidade quanto em relação ao direcionamento político dos indivíduos sob os regimes. Entretanto busca apontar que há possibilidades de libertação, diferindo em vários pontos do pensamento de Horkheimer e Adorno, como, por exemplo, no campo da cultura. O autor aponta que “a dimensão estética ainda conserva uma liberdade de expressão que permite ao escritor e ao artista chamar os homens e as coisas por seus nomes – dar nome ao que seria de outro modo inominável” (MARCUSE, 1971, pagina. 227).
Em Eros e Civilização, Marcuse faz uma análise da sociedade capitalista a partir das ideias de Marx e Freud, aproximando concepções mas também fazendo críticas às duas correntes de pensamento, ou seja, sem fazer uso ou defesa ortodoxa de nenhum dos lados. Nesse trabalho, o autor trata de questões relativas à sexualidade e às relações de poder, faz uma crítica ao trabalho alienado, apontando para novas formas de resistência ao sistema capitalista.
Já a obra O Homem Unidimensional trata da verificação de que cada vez mais os indivíduos falam sobre diversidade, originalidade e diferenças individuais, mas, na realidade, isso é apenas aparência, pois, no fundo, estão se tornando cada vez mais iguais e sem criticidade alguma. Isso ocorre por serem pressionados por um pensamento unidimensional.

Em seus escritos, Marcuse preocupa-se em pensar a sociedade de maneira revolucionária. Por isso buscou analisar os pontos mais sensíveis desta pelo viés da resistência e propõe uma sociedade livre da repressão castradora de toda a libido humana. Nesse sentido, podemos dizer que a sua filosofia é uma filosofia revolucionária, pois está comprometida com o estabelecimento de uma nova ordem de valores sociais e materiais.



 Ética e comportamento humano na web.
ética e comportamento correto, na vida, no emprego, nos relacionamentos com amigos e na web clik na imagem e conheça as infinitas possibilidades de ética comportamental.

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário