Sociologia
O que é sociologia?
Conceito de sociologia?
Como surgiu a
sociologia?
Pra que serve
a sociologia?
Porque estudar a sociedade em que
vivemos?
É possível conhecer a sociedade por
meio da ciência?
Muitos alunos fazem essas e outras
perguntas em seus primeiros contatos com a disciplina.
Vamos procurar respondê-las então.
Podemos dizer, inicialmente, que, ao
estudar Sociologia, assim como as demais ciências humanas, História, Ciência
Política, Economia,
Antropologia, e etc.
temos como objetivo compreender e
explicar as permanências e as transformações que ocorrem nas sociedades humanas
e indicar algumas pistas sobre os rumos das mudanças.
A produção de explicações sobre a
vida e sobre as sociedades e as necessidades dos seres humanos, Vivendo em sociedade, participamos dessa produção.
"A
Sociologia é o ponto máximo do desenvolvimento das ciências, pois seu objetivo é analisar o fenômeno mais complexo de todos: a sociedade humana.
esferas do conhecimento positivista de Auguste comte |
tem um status duplo: ela não é somente a ciência da sociedade, ela é a ciência final, aquela que coordena o desenvolvimento de todo o conhecimento". Auguste Comte.
Ao estudar Sociologia, procuramos entender os
elementos essenciais do funcionamento de uma sociedade e encontrar respostas a
questões como estas:
Por que as
pessoas agem e pensam de uma
forma e não de outra?
Por que as pessoas se relacionam umas com as outras
de determinada maneira, normalmente padronizada?
Por que
existem tantas desigualdades nas sociedades humanas?
Por que
existem a política e as relações de poder na sociedade?
Quais são nossos direitos e o que significa
cidadania?
Por que existem
movimentos sociais com interesses tão diversos?
O que é cultura?
Qual é a relação entre cultura e ideologia?
Como elas
estão presentes nos
meios de comunicação de massa?
A Sociologia
nos ajuda a entender melhor essas e outras questões que envolvem nosso cotidiano, sejam elas de caráter
individual ou coletivo, sejam,ainda, relativas à sociedade à qual pertencemos
ou a todas as sociedades. O fundamental
da Sociologia, porém, é nos fornecer conceitos e outras ferramentas para
analisar as questões sociais e individuais de modo
sistemático e consistente. Por meio da Sociologia, obtemos um conhecimento
científico sobre a realidade social.
Como lembrou o sociólogo
estadunidense Charles Wright Mills [1916-1962], a Sociologia contribui
ainda para desenvolver nossa imaginação sociológica, isto é, nossa capacidade de
analisar experiências cotidianas e estabelecer relações entre elas e situações
mais amplas que nos condicionam e nos limitam, mas que também podem explicar
o que acontece em nossa vida.
A Sociologia nos
ajuda ainda a pensar de modo independente, oferecendo instrumentos para analisar o conteúdo dos jornais e de
sites da internet, as novelas da televisão, os
telejornais, os programas do rádio e as entrevistas das autoridades. Por meio da análise e do questionamento, percebemos o que os meios de
comunicação ocultam e formamos nosso ponto de vista próprio sobre os fatos. (pensamento autônomo).
Para o
sociólogo francês Pierre Bourdieu [1930-2002], a Sociologia, quando se coloca numa posição crítica, incomoda muito, porque, como outras
ciências humanas, revela aspectos da sociedade que certos indivíduos ou grupos
, se empenham em ocultar. Se esses individuos e grupos procuram impedir que determinados atos e
fenômenos sejam conhecidos do público,de alguma forma o esclarecimento de tais fatos pode perturbar seus interesses ou mesmo
concepções, explicações e convicções Obscuras...
A produção do conhecimento
O conhecimento se desenvolve socialmente.
Se quisermos compreender como pensavam as pessoas de determinada época, precisaremos saber em
que meio
social elas viveram. Pois o
pensamento de um período da história é
formado pelos grupos ou camadas sociais respondendo a situação de seu tempo.
Se quisermos
saber por que os indivíduos pensam de determinada forma ou porque explicam a
sociedade deste ou daquele ponto de vista, precisaremos entender como eles se
relacionam e se organizam para suprir suas necessidades fundamentais.
As relações sociais envolvem ideias, normas,
valores, costumes e tradições que, juntos, permitem compreender por que as
sociedades podem ser tão diferentes umas das outras.
Na
maioria das sociedades, há indivíduos e grupos que defendem a manutenção da
situação existente [o status quo] porque esta atende a seus interesses. Assim,
procuram apoiar e desenvolver formas de explicação da realidade que justifiquem
a necessidade de conservar a sociedade tal como está. Há, entretanto, pessoas e grupos que querem
mudar a situação existente, pois não acham que a sociedade à qual pertencem é
boa para elas e para os outros. Tais pessoas procuram explicar a realidade
social destacando seus problemas e as possibilidades de mudança para uma forma
de organização que assegure maior igualdade entre os indivíduos e grupos.
Aqueles que querem manter a situação
normalmente são os que detêm o poder
na sociedade; aqueles que lutam para mudá-la são os que estão em situação
subalterna. Além do conflito de interesses no campo político e econômico, há um
conflito de ideias entre os diferentes grupos sociais. Mas as ideias e
formas de conhecimento nunca são radicalmente opostas. Elas coincidem em alguns
pontos e divergem em outros, e é isso que mantém aberta a possibilidade de diálogo.
A Sociologia e uma dessas formas de
conhecimento, resultado das condições sociais, econômicas e políticas do tempo em que se
desenvolveu. Ela nasceu da necessidade de entender as transformações que ocorreram nas
sociedades ocidentais entre o século XVI e o início do século XIX, decorrentes da
emergência e do desenvolvimento do capitalismo.
Durante esses séculos a produção, que
se concentrava no campo, passou a se deslocar para as cidades, onde começavam a se
desenvolver as indústrias.
Essa mudança desencadeou importantes
transformações no modo de vida das pessoas de diferentes camadas sociais, afetando as
relações familiares e de trabalho. Pouco a pouco, as normas e os valores se estruturaram em
outras, bases, estimulando o desenvolvimento de novas ideias.
Grandes transformações políticas
também ocorreram, no contexto do que se chama de Revolução Industrial. Impulsionadas por movimentos
como a Guerra de Independência dos Estados Unidos [1775-1783] e a
Revolução Francesa [1789].
Procurando entender essas
transformações e encontrar caminhos para a resolução das questões sociais por
elas gerados,vários pensadores, como o Conde de Saint-Simon [1760-1825], Auguste Comte
[1798-1857] e Karl Marx [1818-1883].
elaboraram e divulgaram suas teorias sobre a sociedade anterior e a que estava se constituindo.
Formaram-se assim as bases sobre as quais a Sociologia viria a se
definir como ciência. Entre o final do século XIX e o início do século vinte , os estudiosos que
mais iriam influenciar o posterior desenvolvimento da Sociologia
concentravam-se fundamentalmente em três países: França, Alemanha e
Estados Unidos.
Esses estudiosos, por meio de
pesquisas e reflexões, dialogavam com a sociedade da qual faziam parte, não se
contentando com as noções e explicações até então estabelecidas. Por isso, procuraram ultrapassar o
senso comum e elaboraram conceitos e teorias sobre aspectos da sociedade que
a maioria das pessoas não questionava.
No século vinte , a Sociologia
tornou-se uma disciplina mundialmente reconhecida. Hoje, os sociólogos estão
presentes não só nas universidades, mas também nos meios de comunicação, discutindo questões
específicas ou gerais que envolvem a vida em
sociedade. Os mais destacados, independentemente do pais de origem,
ministram cursos e conferências em centros universitários de todos os continentes e
têm seus livros traduzidos
em vários idiomas.
No Brasil, a Sociologia tem alcançado
uma visibilidade muito grande, seja por causa da presença em
todo o território nacional de
institutos de pesquisa social ou cursos de graduação e de pós-graduação,
seja pela atuação de sociólogos em
muitos órgãos públicos e privados e nos meios de comunicação de
massa.
"Para
alguns ela representa uma poderosa arma a serviço dos interesses dominantes, para
outros ela é a expressão teórica dos movimentos revolucionários.
A sua posição é notavelmente contraditória. De um lado, foi proscrita de
inúmeros centros de ensino. Foi fustigada, em passado recente, nas universidades
brasileiras, congelada pelos governos militares, brasileiro, argentino, chileno e outros do
gênero. Em 1968, os coronéis gregos acusavam-na de ser disfarce do marxismo e
teoria da revolução. Enquanto isso, os estudantes de Paris escreviam nos muros da
Sorbone que "não teríamos mais problemas quando o último sociólogo fosse
estrangulado com as tripas do último burocrata".
Como compreender as avaliações tão diferentes " livro O que é sociologia, de Carlos benedito Martins
O
objeto de suas pesquisas variava dos fenômenos mais simples até os mais complexos. 0
trabalho de Florestan Fernandes [1920-1995], importante sociólogo brasileiro,
demonstra a diversidade e as possibilidades da pesquisa sociológica. Nas décadas de
1940 e 1950, Florestan Fernandes estudou as mudanças sociais na cidade de São
Paulo. Para tanto, pesquisou o folclore paulistano e as brincadeiras das crianças
no bairro do Bom Retiro. Sua pesquisa deu origem ao livro Folclore e mudança
social na cidade de São Paulo, publicado em 1961.
Nesse período, o sociólogo também
pesquisou a sociedade tupinambá, que foi assunto de dois livros: Organização social dos
tupinambás [1949] e A função social da guerra na sociedade tupinambá [1952].
Em 1959, publicou Fundamentos
empíricos da explicação sociológica, uma obra teórica fundamental para
a compreensão e o ensino da Sociologia, na qual analisou a contribuição
metodológica de autores clássicos. Com a preocupação de explicar questões teóricas
e históricas da Sociologia, escreveu Ensaios de sociologia geral e aplicada [1960],
Elementos de sociologia teórica [1970], Sociologia numa era de revolução social [1976], A
sociologia no Brasil [1977] e A natureza sociológica da sociologia [1980].
Outro tema pesquisado na década de
1950 por Florestan Fernandes, em parceria com o sociólogo Roger Bastide, foi a
condição do negro na sociedade brasileira. Em 1958, os dois escreveram o livro Brancos e
negros em São Paulo. Nas décadas seguintes, Fernandes retomou a
pesquisa desse tema e publicou os livros A integração do negro na sociedade de classes
[1965] e O negro no mundo dos brancos [1972].
A educação também foi objeto de-pesquisa
para Florestan Fernandes. Sobre esse assunto, ele escreveu uma série de artigos e dois livros:
Educação e sociedade no Brasil [1966] e UniVersidade brasileira: reforma ou
revolução [1975].
Sobre as questões políticas de seu
tempo, vinculadas às classes
sociais e às possibilidades de mudança social, Fernandes
escreveu vários livros nas décadas de 1970 e 1980: A revolução burguesa no
Brasil: ensaio de interpretação
sociológica [1975], Circuito fechado: quatro ensaios sobre o 'poder institucional"
[1976], Da guerrilha ao socialismo: a revolução cubana [1979], Apontamentos sobre a
"teoria do autoritarismo" [1979], Brasil: em compasso de espera [1980], Movimento
socialista e partidos políticos [1980], Poder e contrapoder na América Latina
[1981] e A ditadura em questão [1982].
Hoje a Sociologia desenvolve-se com
base em pesquisas realizadas por milhares de sociólogos que se utilizam das
mais variadas técnicas, tendo como objeto os mais diversos temas, abordados de
diferentes perspectivas teóricas. O
resultado dessa diversidade é uma multiplicidade de interpretações, muitas das
quais sobre o mesmo fenômeno social. Essa é a riqueza da Sociologia.
Aprender a pensar sociologicamente
implica, assim, fazer pesquisas pessoais ou coletivas.
As possibilidades
do conhecimento sociológico
“Em face do mundo considerado familiar, governado por rotinas capazes de
reconfirmar crenças, a sociologia pode surgir como alguém estranho, irritante e intrometido.
Por colocar em questão aquilo que é considerado inquestionável, tido como dado,
ela tem o potencial de abalar as confortáveis certezas da vida, fazendo
perguntas que ninguém quer se lembrar de fazer e cuja simples menção
provoca ressentimentos naqueles que detêm interesses estabelecidos.”
“Para todos aqueles que acham que viver a vida de
maneira mais consciente vale a pena, a sociologia é um guia bem-vindo.”
“A arte de pensar sociologicamente consiste em ampliar o alcance e a
efetividade prática da liberdade. Quanto mais disso aprender, mais o indivíduo será
flexível diante da opressão e do controle, e portanto menos sujeito a
manipulação do sistema”
.
“Pensar sociologicamente, então, tem um potencial para promover a solidariedade
entre nós, uma solidariedade fundada em compreensão e respeito mútuos, em
resistência conjunta ao sofrimento e em partilhada condenação das crueldades que o
causam”.
Zygmunt BAUMAN. Do livro “Aprendendo a
pensar com a sociologia”.
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